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segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Categoria faz 40 anos insatisfeita

Vários representantes reclamam das condições de trabalho a que são submetidos nas unidades penitenciárias
Os Agentes Penitenciários do Estado do Ceará comemoraram 40 anos da categoria, que aniversariou junto com o Sindicato dos Agentes e Servidores Públicos no Sistema Penitenciário do Estado do Ceará (Sindasp-Ce), no dia 3. Porém, mesmo depois desse tempo, eles ainda lutam por reconhecimento e valorização pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) e reclamam da falta de assistência, que faz com que as dificuldades nas unidades prisionais persistam.

Agentes realizaram evento em comemoração, mas debateram as dificuldades enfrentadas e pedem reconhecimento por parte do Estado 


O sindicato escolheu dois agentes para serem homenageados no evento, que aconteceu no Seminário da Prainha, no último sábado. Josimar Gadelha e Iolanda de Araújo foram escolhidos pelos próprios colegas para receberem a honraria. Os dois são lotados na Casa de Privação Provisória de Liberdade Desembargador Adalberto de Barros Leal (CPPL), em Caucaia, na Região Metropolitana.

Segundo a presidente do Sindasp-Ce, Socorro Marques, a luta por melhores condições de trabalho continua, assim como a busca por reconhecimento da Sejus, para que eles sejam declarados parte da Segurança Pública. "Somos de fato, porque nos envolvemos em questões muito difíceis nas unidades, mas não somos de direito", declarou a presidente.

Além disto, problemas antigos como a superlotação das unidades vêm sendo um entrave cada vez maior para que os servidores trabalhem de forma legítima. Segundo Socorro Mendes, existem 200 detentos para um agente no Ceará. "A situação é preocupante, porque além de não termos homens suficientes, estamos sendo sobrecarregados, recebemos uma alimentação de péssima qualidade no ambiente de trabalho e ainda nos falta materiais de trabalho como algemas, coletes e o próprio fardamento. A última vez que recebemos fardamento foi em 2008. Se algo se deteriorar nós mesmos é que temos que comprar".

Concurso
A Sejus está preparando os aprovados no último concurso para estarem nas unidades até o final do ano. A promessa é que 800 homens integrem a corporação. Trinta deles serão selecionados para o Grupo de Atendimento Penitenciário (GAP), que é um grupo de elite da categoria

Sobre isto, a representante do Sindasp-Ce diz que 1.500 homens foram solicitados para que o contingente seja regularizado. "Oitocentos ainda é pouco, mas é um avanço. Não vai resolver, mas ameniza a situação. Vamos continuar cobrando, porque é um caso de urgência", lembra.

Um dos 13 agentes que integram o Conselho Penitenciário, Augusto César Coutinho, disse que estão regularmente discutindo políticas que possam melhorar o sistema penitenciário cearense e que estas medidas estão sendo enviadas à secretária de Justiça, Mariana Lobo, e ao governador Cid Gomes.

"O conselho fez seis vistorias nos presídios da Capital e região metropolitana, no último semestre. Diante do quadro, nós percebemos que só os relatórios que enviamos à secretária não estão sendo suficiente. Então, a convidamos para comparecer à sede do Conselho, para que ela nos exponha alguma solução para tantos assassinatos no Interior das unidades, motins, rebeliões e fugas. Vamos cobrar soluções, porque ciente da situação ela já está", afirmou".

Doenças recorrentes
Segundo Socorro Marques, muitos agentes vêm sendo acometidos de doenças causadas pelo estresse da sobrecarga de trabalho e pela má alimentação. "Eles sofrem de síndrome do pânico, gastrite nervosa, hipertensão. Isso já foi informado a Sejus". Um núcleo psicológico foi disponibilizado para os agentes na sede da Secretaria de Justiça.

Idosa ganha homenagem após 26 anos de serviço
A agente penitenciária Iolanda Marques estava presente na Casa de Privação Provisória de Liberdade Desembargador Adalberto de Barros Leal (CPPL), em Caucaia, no dia 1º de abril, quando que a Sejus determinou que os agentes deveriam ser retirados das unidades prisionais. A homenagem por bravura, concedida a ela, remete a este episódio, em que foi uma das que resistiu à ordem de retirada.

Iolanda Marques tem, hoje, 64 anos e continua na ativa como agente penitenciária FOTO: WALESKA SANTIAGO


Iolanda tem 64 anos, destes 26 foram dedicados à carreira. "Isso é o que eu sou, é o que eu gosto de ser", diz ao se definir. Relembrando o momento em que o BPChoque estava prestes a invadir à CPPL, Iolanda diz que não se deu conta de imediato do que acontecia. "Um colega correu com uma toalha molhada para me cobrir, para que o gás lacrimogêneo não me atingisse. Depois, eu só ouvia os gritos que diziam que eles iam entrar".

Dificuldades
Apesar das dificuldades não se abate. "Não me arrependo de nada que fiz, se pudesse faria de novo. Repetiria cada momento no trabalho da mesma forma". O trabalho e a dedicação de uma das agentes mais antigas na ativa estão, agora, eternizados em uma placa. "Esta é a primeira homenagem que recebo", disse.


Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1167330

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