Agentes temem represálias de ex-detentos e, por isso, reivindicam armas em busca de proteção
A Presidência da República recebe nesta quarta-feira (5) cópia da lei
aprovada pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, autorizando agentes
penitenciários e guardas portuários a andar armados fora do horário de
trabalho. A presidente Dilma Rousseff decidirá se sanciona ou veta a
nova regra após análise da Casa Civil.
De autoria do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ), o projeto de lei
87/2011 foi aprovado pelas comissões de Constituição e Justiça (CCJ) da
Câmara e do Senado em caráter terminativo. Ou seja, não precisa ser
votado em plenário.
O texto altera o Estatuto do Desarmamento. Dessa forma, assim como
policiais militares, civis e bombeiros, os agentes penitenciários e
guardas portuários passariam a ter o “direito de portar arma de fogo, de
propriedade particular ou fornecida pela respectiva corporação ou
instituição, ainda que fora de serviço”.
Risco
A lei recebeu o último parecer favorável em 28 de novembro. “Entendemos
que esses servidores, pelas características de suas atividades, vivem
em situação de perigo constante e iminente”, ressaltou o senador Gim
Argello (PTB-DF), relator do projeto na CCJ.
Antes, a iniciativa foi aprovada pela Comissão de Relações Exteriores e
Defesa Nacional, a pedido do relator, senador Francisco Dornelles
(PP-RJ).
Homicídios
Para o filósofo Robson Sávio Reis Souza, especialista em segurança
pública e pesquisador da PUC Minas, a lei pode provocar aumento dos
índices de homicídios em que os agentes penitenciários são vítimas. “A
arma não garante proteção a ninguém. Em Minas, a maioria dos agentes tem
contrato temporário. São pessoas sem qualificação profissional e que
vão se armar para querer se impor. Eles estarão usando revólveres ou, no
máximo, pistolas, enquanto os criminosos têm metralhadoras e fuzis”,
avalia Souza.
Para o sociólogo Michel Misse, coordenador do Núcleo de Estudos da
Cidadania, Conflito e Violência Urbana da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UERJ), ao conceder o porte de arma, o Estado passará a ter
maior controle sobre os agentes. “Eles estarão usando armas oficiais,
cadastradas e com numeração. A proibição faz com que os servidores
busquem essa arma no mercado ilegal”.
Fonte: http://www.hojeemdia.com.br/minas/aprovada-lei-que-garante-arma-a-agente-penitenciario-1.63885
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