Relatório final da CPI Carcerária, instaurada em 2007
pela Câmara dos Deputados, diz que o fim da superlotação no sistema
carcerário custaria R$ 4,2 bilhões. Segundo informações do site Contas
Abertas, o custo médio para se criar uma vaga no sistema penitenciário
brasileiro é de aproximadamente R$ 20 mil. O déficit nas penitenciárias
brasileiras é de 208 mil vagas.
O GLOBO já publicou reportagem em que informou que a superlotação
carcerária supera números do Carandiru. Vinte anos após massacre de 111
presos em São Paulo, a relação detento-vaga no país é muito mais
crítica. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, defendeu
enfrentamento dos problemas no sistema carcerário. O ministro causou
polêmica ao declarar que preferia morrer a passar anos em uma das
cadeias brasileiras.
Por conta da preocupação com a superlotação nos presídios
brasileiros, foi instituído em 1994 o Fundo Penitenciário Nacional
(Funpen), com o objetivo de proporcionar recursos e meios para financiar
e apoiar as atividades e programas de modernização e aprimoramento do
sistema penitenciário.
O Contas Abertas verificou, no entanto, que, nos últimos doze anos, o
Funpen deixou de investir R$ 1,1 bilhão no sistema carcerário. Entre
2001 e 2012 foram autorizados R$ 2,9 bilhões para o Fundo, mas apenas R$
1,8 bilhão foi pago. Ou seja, menos da metade dos recursos previstos
foram desembolsados.
Dados do Ministério da Justiça mostram que o Brasil possui 514 mil
presos e apenas 306 mil vagas. É a quarta maior população carcerária do
mundo, de acordo com a organização não-governamental Centro
Internacional para Estudos Prisionais. Só fica atrás em número de presos
dos Estados Unidos (2,2 milhões), China (1,6 milhão) e Rússia (740
mil).
A CPI constatou que em todos os estabelecimentos onde houve
diligências havia um número elevado de presos provisórios, o que
contribui para a superlotação. O custo desse problema não é baixo. Cada
preso irregular custa em média R$ 1,6 mil por mês. Em 2009, chegava-se à
quantia de R$ 195 milhões gastos com esses presos mensalmente.
O relatório final concluiu que as principais causas para a
superlotação são a priorização pelo encarceramento, ao invés de penas e
medidas alternativas, a falta de aparato jurídico voltado para o
endurecimento das penas e, logicamente, a falta de construção de
unidades prisionais e de planejamento para a construção de
estabelecimentos penais destinados a presos em regimes semiaberto e
aberto.
Outra questão é o número insuficiente de casas de albergado,
hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico nas unidades federadas,
obrigando internados a permanecerem alocados com presos condenados a
pena privativa de liberdade. Também falta assistência jurídica para a
população carcerária.
Outro ponto destacado é a pouca quantidade e a má qualidade da comida
servida, que não condiz com os preços exorbitantes que o contribuinte
paga - em média R$ 10 por dia para cada preso. Segundo a CPI, esse valor
deveria ser de no máximo R$ 3 por preso ao dia.
Ao todo, a CPI realizou 42 recomendações, indiciou 37 autoridades e
apresentou 12 projetos de lei, dos quais cinco foram aprovados:
diminuição de pena pelo trabalho, diminuição de pena pelo estudo,
monitoramento eletrônico dos presos, a lei para criação de creches em
presídios e penas alternativas.
Fonte: http://br.noticias.yahoo.com/fim-superlota%C3%A7%C3%A3o-pres%C3%ADdios-custaria-r-4-2-bilh%C3%B5es-123646130.html
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