Nos oito primeiros meses de 2012, nada menos que 8.335 aparelhos
celulares foram apreendidos dentro de presídios paulistas. Os dados,
divulgados pelo jornal Folha de S. Paulo, são da Secretária da
Administração Penitenciária do Estado de São Paulo, e também informam
que as ligações feitas dentro das penitenciárias chegavam a durar quase
10 horas.
Gravações feitas pela Polícia Federal entre outubro de 2010 e maio de
2012 registraram a compra e venda de drogas no Paraguai e na Bolívia, o
envio de maconha e cocaína à São Paulo, detalhes sobre a distribuição
para outros estados e quais investimentos deveriam ser feitos com o
dinheiro obtido.
Os dados completos sobre as conferências, que aconteciam em ritmo
semanal, estão contidos em um processo da Justiça Federal que tramita
sob sigilo. Segundo os dados obtidos pela Folha, as conversas
normalmente envolviam quatro pessoas, podendo durar poucos minutos ou
diversas horas dependendo da ocasião.
Conversas frequentes
Segundo o relatório, os diálogos entre os criminosos (pertencentes ao
grupo PCC) ocorriam em horários e dias determinados pelos agentes de
segurança que estavam trabalhando. Dependendo dos profissionais
encarregados de fazer as rondas das celas, as conversas podiam ser
interrompidas durante vários dias.
Os grampos ocorreram principalmente no presídio de Presidente
Venceslau, local em que são mantidos alguns chefes da facção criminosa.
Em nota, a Secretaria da Administração Pública afirmou que não responde
ao assunto, limitando-se a declarar que, entre janeiro e agosto deste
ano, já apreendeu 8.335 celulares em cadeiras — 12 deles em Presidente
Venceslau.
O bloqueio de sinais é possível
Uma solução para o problema seria usar equipamentos capazes de
bloquear ligações dentro de presídios, algo que seria perfeitamente
possível segundo Ivan Prado, presidente da Associação dos Engenheiros de
Telecomunicações (AET). Ele afirmou à Info Exame que dispositivos
fabricados nos EUA e em Israel se mostram eficientes em interferir nas
frequências usadas por aparelhos móveis.
Especialistas em segurança especulam que a falta de uso de aparelhos
do tipo é motivada pelo desejo de obter provas e monitorar ações
ilegais. Ao tornar a vistoria dos presídios mais frouxa, agentes da lei
estimulariam os presos a produzir provas contra si mesmos — a Secretaria
de Administração Pública nega que haja qualquer intenção do tipo e
afirma que já realizou testes com diversos dispositivos bloqueadores
dentro do estado de São Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário