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domingo, 23 de dezembro de 2012

PPP ajuda a debelar crise do sistema penitenciário


Os medievais presídios brasileiros abrigam inaceitáveis indicadores que correspondem fielmente a esta definição, feita recentemente pelo próprio ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O universo de cerca de 550 mil presos convive em situação precária, sub-humana, espremendo-se numa rede carcerária em que há um déficit crônico de alocação - hoje calculado em torno de 170 mil vagas. Como a matemática e a física são infalíveis, disso resultam celas superlotadas. Com detentos em unidades prisionais nas quais são submetidos a degradantes condições, o sistema penitenciário cumpre apenas, e dessa forma abominável, o papel de enjaular criminosos. Sua outra atribuição, a reintegração social de apenados, uma das razões do encarceramento de quem se desvia da lei, de maneira geral não passa de letra morta. O preço da renitente leniência do Estado com essa realidade costuma ser cobrado em forma de tragédias (ocasionais explosões de violência nos presídios) ou em perigosas experiências que realimentam a criminalidade (como o virtual controle de penitenciárias por quadrilhas do crime organizado).

Diagnosticar o problema, como fez o ministro da Justiça, é importante - mas nada do que se diz hoje desse desumano perfil do sistema é novidade. Em 2007, a CPI do sistema carcerário já alertava para a explosiva situação. Desde então, os números só pioraram.

Enfrentar a questão pressupõe encontrar soluções que de fato ajudem a resolvê-las. Neste sentido, a criação de um complexo penitenciário em Ribeirão das Neves (MG), em andamento, com capacidade para 3 mil presos, não só ajuda a contornar o problema do déficit de vagas nas cadeias mineiras, mas - e principalmente -, ao usar o modelo de Parceira Público-Privada na construção e administração dos presídios, aponta um caminho concreto entre as iniciativas para melhorar o perfil do sistema prisional. A fórmula não tira da alçada do Estado a responsabilidade pelo controle da execução penal, mas alivia o orçamento do poder público: os custos para erguer novas unidades são elevados, em torno de R$ 40 mil por vaga. Com a PPP, a iniciativa privada arca com o ônus, em troca de contratos de gestão das penitenciárias, por tempo determinado, e com obrigações que, se não cumpridas, tornam as empresas administradoras passíveis de punições pecuniárias.

A iniciativa privada já atua numa fatia do sistema penitenciário do país, com 26 prisões (em seis estados) administradas em contratos de cogestão. Nelas, o número de presos ainda é pequeno (3,5% da população carcerária). Mas o modelo sinaliza um sistema de gestão moderno, adotado com sucesso em diversos países - e cuja avaliação não pode ser contaminada por preconceitos ideológicos que inviabilizem a positiva participação do setor privado na busca de soluções para um problema dramático, com uma dimensão que cresce assustadoramente.

O Globo 


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