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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
A QUEM INTERESSAR: Confira na íntegra o discurso do governador Teotonio Vilela Filho em sua posse
Senhoras e senhores,
Autoridades...
Fazer da política um instrumento do bem comum é um gesto de amor para com o povo.
Aprendi com o velho Teotônio, meu pai, a primeira parte desta frase, que é fazer da política um instrumento do bem comum.
A segunda parte desta mesma frase aprendi lendo os ensinamentos de Mahatama Ghandi, de que a política tem que ser um gesto de amor, compreensão e respeito para com o povo.
Governei com base nestes princípios de Ghandi e do velho Teotônio em todos os dias deste mandato que aqui se encerra.
E agora, como há quatro anos, aqui estamos para a cerimônia de posse do Governador do Estado de Alagoas.
Numa primeira visão, não só pela figura do governador ser a mesma, mas também pela repetição da maioria dos personagens presentes, poderíamos supor que vivenciamos uma mesma situação.
Ledo engano.
Como diria Heráclito de Éfeso, filósofo vivente por volta do ano 500 antes de Cristo, “um mesmo homem não cruza o mesmo rio duas vezes”. Tudo muda, mesmo que não queiramos perceber. O ser humano muda, o rio muda. Espírito e natureza alteram-se com o tempo.
Minha posse como governador do Estado de Alagoas, portanto, não constitui o mesmo fato de quatro anos atrás.
O compromisso que vai me guiar no novo mandato que hoje se inicia está alicerçado nos mesmos princípios de Gandhi e do velho Teotônio. Mas iniciamos, aqui e agora, um novo governo. O governador está mais experiente, o governo está mais vivido. Aprendemos com as dificuldades, tiramos lições dos êxitos.
E, com a delegação democraticamente concedida pelas urnas, pelo voto direto e livre da maioria dos alagoanos, fomos designados para continuar o trabalho iniciado há quatro anos.
De primeiro de janeiro de 2007 até hoje, travamos as batalhas que nos propusemos travar e as que foram surgindo em decorrências de contextos e situações. Toda uma equipe de governo deu o máximo de si tendo como centro das atenções o compromisso de lutar contra a miséria, contra a fome e contra a sede da parcela excluída da população alagoana. Assumimos igualmente a luta pela melhoria da distribuição de renda e pela reversão de nossos indicadores sociais.
Naquele dia, primeiro de janeiro de 2007, aqui assumi o compromisso de fazer um governo voltado para o desenvolvimento.
Um governo com o foco na melhoria da qualidade de vida dos alagoanos, como disse então e repito agora, um governante só pode ter sucesso em sua empreitada se apostar, se inovar, se investir, no desenvolvimento sustentado; se ousar projetos de porte, se não abrir mão de sanear as contas públicas e se não tiver medo de cortar na própria carne para fazer sarar as feridas abertas nessas contas.
Fizemos isso durante quatro anos. Fomos incompreendidos por alguns, especialmente por aqueles que consideram que o poder público pode dar aumentos salariais a seu bel-prazer.
Mas fomos compreendidos pela maioria do povo alagoano, conforme atestaram as urnas, em dois turnos, no ano de 2010.
Seguiremos adiante. Mas num novo governo, com novas ideias, novas propostas, acreditando que em função da base construída durante o quadriênio passado, a partir de hoje poderemos ousar mais. Graças aos caminhos vencidos, novos rumos poderão, e serão trilhados.
Como há quatro anos, reafirmo aqui os compromissos éticos básicos, inegociáveis.
Não desequilibraremos as contas públicas.
Não discriminaremos ninguém. Respeitaremos o posicionamento político e ideológico de todos. Nosso governo é voltado para os três milhões de alagoanos, sem querer saber em quem cada um votou ou votará.
Insistiremos com redobrada força nas áreas da educação, saúde, segurança pública, infraestrutura, assistência social – pois reconhecemos que muito mais temos que avançar nesses segmentos essenciais.
Avançaremos ainda mais no desenvolvimento sustentado em Alagoas, reindustrializando nosso Estado, diversificando as áreas fabris e atraindo mais investimentos.
Apostaremos fortemente no turismo, trabalhando em parceria com a iniciativa privada de forma a que esse nosso abençoado pedaço de Brasil possa cumprir seu destino de polo de visitação reconhecido no resto do País e internacionalmente.
Não pretendo aqui fazer um balanço das conquistas do governo anterior. Até porque sigo inconformado, inquieto, ansioso por fazer muito mais.
O inconformismo é uma marca alagoana, desde a resistência dos índios caetés, passando pela polêmica postura de Calabar, pela insurgência dos quilombolas palmarinos, pela revolta dos papa-méis, pela força dos marechais Deodoro e Floriano, pela pregação do Menestrel das Alagoas – de quem tenho o orgulho de ser filho.
Inconformismo do cidadão, da cidadã simples, da gente do povo, que trava uma batalha cruenta, cotidiana, pela sobrevivência digna, enfrentando e vencendo a seu modo, dia após dia, a falta de emprego, as deficiências na educação e na saúde pública, os perigos da insegurança pública.
É desse inconformismo alagoano que me embandeiro, é nele que me estimulo.
Estimulam-me as dificuldades que se nos apresentam. Vamos vencê-las!
Fomos – eu, o meu estimado vice-governador José Thomás Nonô, e os senhores e senhoras parlamentares – eleitos para isso.
Nos elegeram para vencer essas dificuldades, para remover esses obstáculos. Temos que honrar cada voto recebido.
A tarefa de reinserir Alagoas no Nordeste e no Brasil não é simples nem fácil. Nosso estado padece de, pelo menos, três décadas de defasagem em relação à nossa própria Região, e sabemos que o Nordeste é uma das mais sofridas regiões brasileiras.
Nossa tarefa é enorme, maior que os mandatos. É tarefa para mais de uma geração. E nem podemos perder tempo nem podemos nos dispersar nesse caminho.
Temos que ousar, temos que nos atrever, temos que renegar as pequenezes, temos de erguer os olhos de nossos próprios umbigos e mirar o horizonte.
E mais: não basta sonhar o possível. Temos que sonhar grande, temos de buscar o impossível, como diria o poeta. O possível não nos basta, não atende aos justos anseios de nosso povo.
Na verdade, a busca do impossível é o que move a humanidade. Atingir o tido como impossível não é um milagre, é produto da determinação, de ajuste de foco, da escolha do caminho, do destemor em ousar.
Contentar-se com o possível, na situação vivida por Alagoas, tem algo de sórdido, pois significa conciliar com o atraso, significa aceitar, conformar-se com as terríveis mazelas que castigam nossa população há muitas décadas.
Senhoras e senhores:
A missão do governo de Alagoas não pode ser levada adiante, com sucesso, de forma isolada. Meu governo não pode, não deve, nem quer ser o herói solitário na batalha pela redenção alagoana.
Alagoas precisa que os poderes estejam unidos e igualmente inconformados perante a realidade vivida por nosso povo. Executivo, Legislativo e Judiciário, Ministério Público e Tribunal de Contas, todos precisam estar unidos nessa batalha. É irrelevante toda e qualquer prioridade dada a nós próprios. Juntos, transformaremos Alagoas; desunidos, nos deformaremos enquanto pilares da sociedade democrática, pois não teremos condições de responder aos desafios de nosso tempo nem aos anseios de nosso povo.
Acredito nos poderes constituídos de Alagoas, acredito na nossa coragem enquanto representantes do povo. Tenho consciência do tamanho dos nossos desafios, mas tenho a plena convicção de que, unidos, venceremos os obstáculos desse tempo que se inicia neste primeiro de janeiro de 2011.
Crer no amanhã é um antigo axioma cristão. Creio no amanhã como cristão e como cidadão. Nosso amanhã não será uma dádiva, um prêmio do Criador. Nosso amanhã será produto de nosso trabalho no tempo presente, da nossa solidariedade, tolerância, compaixão, doação, amor e muito espírito cidadão.
Ou seja, nosso amanhã, com a graça de Deus, depende de nós. Apenas de nós.
Aposto, com muita ousadia, muita confiança, nesse nosso amanhã.
Muito obrigado.
MUITO MAIS DO MESMO... + 4 ANOS...
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