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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
VIOLÊNCIA E MEIOS-CIDADÃOS
(*) Amauri Meireles, Cel QOR PMMG
Matriz da insegurança em nosso país, a violência é uma doença, que ataca o organismo social, bipartida em violência da exclusão social e violência da criminalidade. A primeira ameaça decorre de vulnerabilidade socioeconômica e vem apresentando indicadores de reversão. Vejam-se os resultados obtidos com a melhoria e compatibilização de tradicionais programas de inclusão e inovadores programas de reinclusão social, mediante razoável interação nas três esferas de governo. A segunda resulta de vulnerabilidade política e vem provocando, no minimo, sensações de angústia, indignação e desamparo.
A sociedade, ao discutir o nível de insegurança em um município ou Estado tem dado menos importância ao grau de insegurança, isto é, aos dados estatísticos ou tratamento objetivo de ocorrências, do que ao clima de insegurança, vale dizer, à percepção da insegurança ou tratamento subjetivo de ocorrências. Objetivamente, vem prevalecendo a sensação de insegurança, por vários motivos. Primeiro, a ilusão de isotopia, aquela sensação de que se vive lá naquele lugar onde aconteceu um fato criminoso grave, nacionalmente divulgado, ou o sentimento de que, onde se vive, inevitavelmente ocorrerá o mesmo evento. Aqui, a grande contribuição seria da mídia, informando e não apenas noticiando, ajudando na redução de medos e receios. Segundo, a incrível desatenção com o descompasso entre a estatística policial e a realidade dos fatos – mesmo não se configurando manipulação – em virtude de registros com codificação trocada ou equivocada, ocorrências não comunicadas, representações não realizadas. Terceiro, o assustador incremento de meios-cidadãos, os que não respeitam valores sociais e, muito menos, obedecem às regras sociais, encontrados, minimamente, em duas situações: na profusão explícita de grupelhos/facções em áreas marginalizadas, por abandono ou distopia estatal, alimentadas pela chegada fácil de drogas e armas, ou, então, no acobertamento hipócrita de financiadores de tráficos, tranqüilos demandantes desses produtos, em locais urbanos marginais, por não estarem sendo admoestados ou reprimidos adequadamente pelo Estado. Mostram-se egoístas, egocêntricos, individualistas, gananciosos, perversos, covardes, antiéticos, desumanos. Possivelmente, a origem estaria nos insuficientes, deficientes e ineficientes programas de integração social, onde se dá a conhecer e se estimula a internalização, a prática e a difusão de deveres sociais, ou os de reintegração social, através reimplementação de deveres sociais. Portanto, é possível afirmar-se que as instituições (família, igreja, escola, economia, Estado) estão tendo êxitos na inclusão social, onde se dá a conhecer e se estimula a prática de direitos sociais, e na reinclusão social, através reconhecimento e o exercício de direitos sociais, porém, o mesmo não ocorre com a integração e a reintegração sociais.
Enfim, a violência da criminalidade vem aumentando na proporção que a mesquinharia vem apequenando indivíduos, impedindo que os chamemos de cidadãos, em virtude de eles próprios tornarem-se uma ameaça ao corpo social.
A tranqüilidade social será restaurada na medida em que se consolidem, proativa e simultaneamente efetivas ações de inteiração e salvaguarda sociais. Fundamentalmente, inclua-se aí a urgência de o ser humano, individualmente, entender sua obrigação de conduzir-se como cidadão, e, coletivamente, Estado e sociedade trabalharem para isso.
Considerando que vamos iniciar um novo período político-institucional, o momento é oportuno para priorizar-se a formatação e a formação do novo cidadão brasileiro. Sem isso, continuaremos a crescer como o país da meio-cidadania, provavelmente, o principal fator gerador da inquietante e preocupante violência da criminalidade!...
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