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domingo, 31 de outubro de 2010

Próximo governador terá muito trabalho, garantem sindicalistas


O próximo governador de Alagoas, que será conhecido neste domingo (31), terá muito trabalho durante os quatro anos em que deverá administrar o Estado. A afirmação é de sindicalistas entrevistados pela Gazetaweb, que buscou opiniões no sentido de se saber, independentemente de quem vença o pleito, quais os principais obstáculos a serem superados pelo próximo gestor.

Um dos entrevistados foi o professor e economista Cícero Péricles, que alertou sobre a ausência, segundo ele, de um sistema de crédito mais efetivo, a fim de que se possa fomentar as micro e médias empresas espalhadas pela capital e interior, já que elas representam dois terços da economia alagoana, ‘não mais refém do setor sucroalcooleiro, que hoje abrange apenas 20% de nossa economia’.

“A economia urbana, ligada ao comércio e ao setor de serviços, é muito mais significativa. Já a agricultura de base familiar também é expressiva, com mais de 100 mil estabelecimentos. Contudo, precisamos de um sistema de assistência técnica e de formação de mão-de-obra que atenda às infinitas demandas de um empresariado pobre e sem fortes instituições que lhe apóiem, faltando ainda os canais de comercialização para que os produtores e consumidores possam ‘tocar’ este processo de forma integrada”, salientou o economista.

Para Cícero Péricles, o ‘drama’ da formação de mão-de-obra é fruto ‘da combinação negativa entre a baixa escolaridade da população e a pouca qualidade da rede de ensino básico’.

“Por um lado, a população economicamente ativa apresenta altos índices de analfabetismo ou de formação limitada no âmbito escolar. Por outro, a expansão da rede de ensino ocorreu sem uma preocupação com a qualidade do serviço ofertado, e o resultado é o elevado nível de evasão e repetência escolar”, emendou Cícero Péricles, acrescentando considerar pequena a rede de formação técnica profissionalizante no Estado, segundo ele, ‘restrita a alguns setores e centralizada na capital’.

E quando se fala em economia, os números são indispensáveis. Segundo Péricles, Alagoas possui 1,3 milhão de pessoas que estariam aptas para trabalhar em diversas áreas. Dentre elas, 900 mil já possuem uma ocupação, ou seja, têm alguma atividade remunerada ou não, sendo que apenas 446 mil formalizaram contrato de trabalho.

“Os demais vivem na economia informal, sem as garantias trabalhistas ou sem os benefícios que um contrato formal proporciona, como o acesso à rede bancária e de assistência técnica. Essa informalidade é mais presente em áreas específicas, como entre famílias de trabalhadores rurais, empregadas domésticas e trabalhadores da área de comércio e serviços das micro e pequenas empresas”, complementou o economista.

Para ele, o real desenvolvimento econômico do Estado, ‘de modo a se buscar a justa distribuição da riqueza e indicadores sociais compatíveis com as conquistas do século 21’, demandará ‘um processo demorado de inclusão de dois terços da população no padrão de consumo médio nacional’.

“E isso somente será possível, primeiramente, com muitos investimentos nas áreas sociais. Depois disso, tem-se a necessidade do fortalecimento desse universo de empresas comerciais, agrícolas e industriais, que trabalham para os segmentos mais pobres da população. Por fim, precisa-se ainda de investimentos na infra-estrutura estadual capazes de superar eternos gargalos do nosso desenvolvimento”, avaliou o professor universitário, destacando a importância, para que isto ocorra, de futuras parcerias, em busca de recursos, com o governo federal.

Saúde

A Gazetaweb também ouviu o presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas, Wellington Galvão, que afirmou torcer para que o próximo governador consiga ‘valorizar a categoria no Estado, para que não mais percamos profissionais para outras regiões’.

“O próximo governador terá muito trabalho. Precisamos urgentemente de concurso público, já que 50% dos médicos hoje são prestadores de serviço. Reivindicamos também o nosso Plano de Cargos e Carreira, já que o médico recebe três vezes menos que o valor pago ao trabalhador no Piauí, por exemplo”, comentou o sindicalista, que ressalta ainda, segundo ele, a necessidade de se construir mais unidades de saúde no sentido de se desafogar o Hospital Geral do Estado.

“Pernambuco tem 29 hospitais públicos, enquanto que em Alagoas nós temos, além do HGE, somente o Hospital Universitário, que não atende cinco por cento da demanda. Defendemos a construção de Unidades de Pronto Atendimento, as UPAs, em substituição aos mini-pronto socorros, e um novo Hospital Geral, com no mínimo duzentos leitos, na parte alta da cidade. A população alagoana cresceu muito, não mais se admitindo, por exemplo, que uma cidade como Arapiraca não possua uma maternidade”, avaliou Wellington.

“Portanto, o próximo governador deverá investir pesado principalmente em recursos humanos”, emendou.

‘Falta muito à educação’

Já na opinião da presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Alagoas, Célia Capistrano, o próximo governador, ‘seja quem for’, precisará investir bastante na formação de nossos jovens.

“Precisaremos de uma reestruturação física e humana, pois, a convocação dos cerca de 600 profissionais aprovados no último concurso público realizado ainda em 2005 só se deu devido a questionamento do Ministério Público, já que a validade do certame acabou expirando, mesmo diante da necessidade de contratação de professores”, comentou a sindicalista, explicando que o déficit ‘é grande desde que muitos profissionais aderiram ao Programa de Demissão Voluntária (PDV)’.

“Nós precisaremos fortalecer o ensino médio, para que o aluno possa concluir os estudos sem que se tenha brechas em algumas disciplinas, prejudicando-o futuramente. Somente no ano passado, chegou-se a vinte e duas escolas sem um professor de português. Isso sem falar em outros problemas, como transporte e segurança”, emendou Capistrano, afirmando que o salário de professor em Alagoas é ‘um complemento ao salário mínimo’.

“Nós defendemos a implantação do piso da categoria, em um mil e vinte e quatro reais para professor de ensino médio”, complementou a sindicalista, afirmando ainda que o maior complexo educacional da América Latina, o Cepa, em Maceió, conteria escolas que não atingiram o número limite de vagas ofertadas – o motivo, de acordo com a presidente do Sinteal, seria a insegurança dos pais de alunos quanto à qualidade da formação.

“O próximo governador terá de investir acima dos 25% constitucionais em Educação, porque Alagoas precisa”, concluiu.

Segurança também cobra valorização

Já quanto aos desafios que o ex-governador terá de enfrentar no quesito Segurança, a reportagem conversou com Josimar Melo, policial civil e um dos diretores do Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol). Para Josimar, este seria o maior problema que o próximo governador deverá herdar (caso haja renovação no Palácio República dos Palmares) ou continuar enfrentando, no caso de Teotonio Vilela Filho conseguir a reeleição.

“As polícias precisarão ser valorizadas, profissionalizando-as e remunerando dignamente todas elas. É preciso que se atente para o servidor como um todo, pois a Segurança Pública está diretamente relacionada com investimentos em áreas afins, como geração de emprego e renda e, sobretudo, educação, de modo que se desenvolva um trabalho verdadeiramente multidisciplinar”, refletiu o sindicalista, que, contudo, crê em melhorias nos próximos anos.

“Basta, para isso, que coloquemos as pessoas corretas no lugar correto, a fim de que estas pessoas passem a valorizar o servidor público, deixando de trazer profissionais de fora para gerir a nossa polícia”, emendou Josimar Melo, que chegou a citar à reportagem o atual valor pago pelas diárias de policiais que precisam dar plantão no interior do Estado como ‘exemplo dos problemas’. “Recebemos apenas sessenta reais para transporte e estadia”, criticou.

A reportagem da Gazetaweb entrou em contato com a assessoria de comunicação da Polícia Civil, que defendeu o valor da diária como suficiente para custear as despesas de cada policial deslocado para o interior.

Fonte: http://gazetaweb.globo.com/eleicoes/noticia.php?c=215530

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