Quatro detentos fizeram dois agentes penitenciários reféns na manhã desta terça-feira (27), na Penitenciária de Ribeirão Preto, durante uma tentativa de fuga.
Dezoito sentenciados estavam na oficina de trabalho onde são confeccionadas sacolas de papel e costuradas bolas de futebol, quando quatro deles armados com espetos improvisados fizeram o funcionário que fica no local como refém.
Segundo a reportagem apurou, eles queriam fugir no caminhão que entrega alimentação para o CDP (Centro de Detenção Provisória) de Ribeirão.
"Existe uma porta que dá acesso externo ao pavilhão e por onde o caminhão passa. Eles queriam sair e pegar o veículo para fugir", diz uma pessoa que trabalha no local.
Funcionários informaram que os detentos acreditavam que o agente que os vigia durante o trabalho possuía a chave da porta que permite acesso ao pátio externo mas, por questão de segurança, ele fica apenas com a chave do portão para as saídas dos sentenciados para o pavilhão das celas.
Uma funcionária contou que o agente feito refém teve muita habilidade para contornar a tentativa de fuga. Primeiro, ele disse aos detentos amotinados que os 15 sentenciados deveriam voltar ao pavilhão às 10h30, porque é o horário em que a diretoria havia sido avisada que eles seriam liberados do trabalho.
"Ele pensou em diminuir o grupo para evitar que outros aderissem ao movimento de fuga e ao mesmo tempo o caminhão iria embora porque costuma ir para o CDP por volta das 10h30", afirma.
Como o refém não possuía a chave para o pátio externo, os presos amotinados esperaram que ele fosse substituído pelo companheiro na hora do almoço. Assim que a porta foi aberta, outro funcionário foi rendido e passou a ficar sob a mira dos espetos feitos com pedaços de ferro retirados das paredes de concreto da prisão. "Um deles saiu para ver onde estava o caminhão e percebeu que não havia mais jeito de fugir porque o veículo já tinha ido embora", conta o funcionário.
A partir deste momento, os agentes tentaram convencer os presos que não havia possibilidade de fuga e uma hora depois eles se entregaram.
"Se eles fugissem, a situação ficaria complicada porque eles poderiam ser levados como reféns. Os presos também poderiam jogar o caminhão no portão e até matar alguém".
Os funcionários consultados pela reportagem afirmaram que situações como esta poderiam ser evitadas se câmeras fossem instaladas na oficina de trabalho.
"Trabalhamos sem segurança e hoje, graças à habilidade dos agentes, o pior não aconteceu", diz um funcionário.
Outro lado
De acordo com a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária), logo após a tentativa de fuga, a oficina de trabalho passou por revista. O caso também foi comunicado ao juiz da Vara de Execuções Criminais e foi instaurada uma investigação para apurar o caso.
A nota informa também que os presos envolvidos na tentativa de fuga serão transferidos para outra unidade prisional onde cumprirão sanção disciplinar.
A SAP diz, ainda, que a tentativa de fuga foi um fato isolado, resolvido rapidamente pelo próprio corpo funcional da unidade que opera dentro dos padrões de segurança e disciplina.
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