O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sindapen), Jarbas Souza voltou a denunciar que os presídios em Alagoas estão em situações precárias e a maioria dos reeducandos vivem em situação desumana. Em entrevista ao EMERGENCIA190, o líder da categoria foi enfático ao afirmar que os presos só não foge dos presídios quem não quer. Jarbas aproveitou para falar de outras, segundo ele, situações de irregularidades que convivem os agentes penitenciários.
Jarbas Souza afirmou que para resolver a crise no sistema prisional é preciso ter gestão e pulso.
“O que está acontecendo é falta de pulso e gestão de um projeto positivo para as unidades prisionais. Nós estamos percebendo há alguns meses, que existe um projeto por parte da própria superintendência de administração penitenciaria que consiste no enfraquecimento no tocante da segurança. Tudo isso é proposital”, denunciou.
O presidente do Sindapen, disse que vários agentes estão sendo desviados da verdadeira função que é fazer a segurança dos reeducandos e atacou o superintendente Coronel Carlos Luna.
“O superintendente desviou uma série de agentes de suas funções. Têm agentes penitenciários estranhamento trabalhando na Junta Comercial e na Superintendência do Sistema Prisional. Uma vergonha, enquanto o Baldomero Cavalcanti a segurança é feita por cinco pessoas no plantão”.
“É uma miséria, uma desgraça” se referi Jarbas ao sistema penitenciário que foi mais além afirmando que é fácil fugir dos presídios. “Hoje só não foge quem não quer, mas a culpa não é nossa. Para superintendência tem que dá errado para justificar os projetos que eles querem privatizando o sistema prisional”, disse.
Em relação ao vídeo publicado pelo EMERGENCIA190 que mostra reeducandos que cumprem pena no presídio Baldomero Cavalcante torturados após uma revista de policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e agentes penitenciários, fato registrado no último dia 29, Jarbas disse que o vídeo mostra um crime e que contra fatos não existem argumentos, mas que não se pode creditar o ato anormal a todos os agentes penitenciários ou policiais que estiveram no dia realizando a revista. LEIA AQUI
“Existem casos que presos espancam os próprios colegas de cela para que agentes penitenciários sejam incriminados”, disse ele.
Ele defende uma investigação completa para saber todos os detalhes que levaram os presos serem torturados.
“Defendo uma investigação seria. É preciso que todos os presos sejam ouvidos. São marcas evidentes. Temos que resguardar os direitos das vítimas, que são os presos e principalmente dos trabalhadores que não estão ligados
Perguntado se ele tinha dúvida de que o vídeo foi gravado dentro do Baldomero ou se tudo não passou de uma encenação, o líder da categoria foi enfático ao afirmar que analisou o vídeo por varias vezes acompanhado de outros diretores do Sindapen e que não existe nenhuma dúvida sobre a origem da filmagem e seu local, pois mostra alguns detalhes que comprovam que a gravação foi realizada em um dos módulos do presídio.
Em resposta as denúncias de reeducandos e parentes deles que a alimentação estava sendo entregue fora de seus horários e muitas das vezes estragada, Jarbas Souza aproveitou para criticar o atual modelo de gestão do Sistema Prisional, que engloba seis presídios, sendo cinco em Maceió e um em Arapiraca.
“O preso ainda tá pegando o boi já que bom ou ruim ainda tá comendo. Se tá faltando o mínimo é pra eles darem graças a Deus. O sistema prisional em Alagoas acabou”, falou o presidente do Sindicato que concluiu dizendo que apesar do Sistema ter 1.800 agentes terceirizados e 720 concursados os plantões no Baldomero são feitos por apenas 4 ou 5 agentes penitenciários. Segundo Jarbas, devido o desvio de servidores, escalados para trabalharem em outras repartições favorece para as fugas.
Por sua vez o presidente do Conselho Estadual de Segurança (Conseg), advogado Paulo Breda, em relação ao vídeo ele disse que o Conseg irá abrir um processo administrativo para investigar e punir os culpados pelo crime de tortura que tiveram como vítimas reeducandos do Baldomero.
“Não existe desculpas para tudo isto. Vamos identificar os responsáveis e puni-los. O Baldomero Cavalcante é um presídio sem jeito. Para se ter uma ideia de como ele foi construído em apenas duas horas qualquer pessoa consegue abrir um buraco em qualquer das paredes se utilizando de uma colher de plástico”, declarou ele.
Breda aproveitou para disseminar as recentes criticas feitas pelo Sindapen ao Conselho.
Breda aproveitou para disseminar as recentes criticas feitas pelo Sindapen ao Conselho.
“O sindicato até hoje não apresentou nenhuma solução para os problemas dos presídios. O sistema prisional de Alagoas não acabou, ele tá ruim. A frase do presidente do Sindapen é efeito e sem sentido”, afirmou o presidente do Conselho.
Paulo Breda também afirmou que a versão apresentada por Jarbas que o Sistema Prisional conta com 1.800 pessoas terceirizadas e outros 720 concursados não é verdadeira.
“Já fizemos diversas inspeções e até agora não encontrados esses 1.800 terceirizados. O Sindicato deveria mostrar como chegou a esse escandaloso número. A quantidade exata de terceirizados é de 824, esse sim é um dado verdadeiro. Não podemos ficar criando, temos que nos ajudar e falar com o que temos de real. O Conselho já determinou que 40 agentes penitenciários que estão em funções desviadas e trabalhando fora do Sistema Prisional, sejam encaminhados de volta a repartição de origem”, desabafou o presidente do Conselho.
Na última inspeção realizada pelo Conselho juntamente com o juiz José Braga Neto, titular da Vara das Execuções Penais, no Presídio Baldomero Cavalcante, foi flagrada falta de uma cozinha para os reeducando; de farmácia; de defensor público; de isolamento para castigo além de um médico. Segundo os próprios presos no Baldomero só existe um médico que vai ao local apenas uma vez por semana – as terças-feiras.
O EMERGENCIA190 ainda tentou ouvir o juiz José Braga Neto, mas seu aparelho celular estava desligado. Também não conseguimos falar com o coronel Carlos Luna citado na reportagem pelo presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários.
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