Nesta sexta-feira (30), o presidente do Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo (Sindasp), Daniel Grandolfo, revelou que cinco agentes penitenciários foram feitos reféns e espancados por presos na Penitenciária de Pacaembu. O fato teria ocorrido na última quarta-feira (28), de acordo com Grandolfo, em entrevista ao jornalista Thiago Caldeira, na Rádio Prudente/AM Jovem Pan. “Todos saíram sangrando, com escoriações graves”, disse.
O sindicalista avisou, ainda, que fatos similares são freqüentes, inclusive, ocorreram casos recentemente nas unidades de Presidente Bernardes e Caiuá. “Essa é mais uma prova da ineficácia do sistema penitenciário do Estado de São Paulo. Cinco agentes ficaram reféns; apanharam, foram espancados”, disparou.
Grandolfo afirmou que o problema das unidades prisionais está no modelo. “Nenhuma delas garante a integridade física dos nossos agentes. Todas elas são modelo arcaico, com chaves grandes. No mesmo padrão da Idade Média”, explicou. “O agente precisa entrar no meio de 200 presos com uma chave na mão”, acrescentou.
A possível solução apontada pelo presidente do Sindasp é a automatização dos presídios. “Temos centenas de engenheiros qualificados no Estado e no país. Será que não existe uma solução para acabar com esse contato com os presos”, questionou Grandolfo. “Infelizmente não tem investimento nenhum. Os agentes estão se sentindo como um peão no jogo de xadrez. Quando não precisa mais, pode ser descartado”, lamentou.
“Entramos em contato com as autoridades. Falei pessoalmente com o governador [Geraldo Alckmin], para procurarmos garantir a integridade física dos agentes e até agora nada tem sido feito. Pedimos apenas dignidade para poder trabalhar com segurança. Quando não se pode garantir nem a própria vida do trabalhador, não consegue manter uma disciplina no local”, apontou Grandolfo.
Questionado sobre os resultados psicológicos, o sindicalista foi taxativo. “É uma forma de coação que está ocorrendo no Estado inteiro e estão aumentando de forma gradativa. Quando ocorre isso em uma unidade, outros pedem exoneração, porque causa um abalo psicológico, mesmo que não sejam daquela unidade. Há um problema muito grave que o estado não quer ver”, alertou. “Não queremos mais o contato direto. Isso até evitaria rebelião. Se não tem o risco de ter contato com os presos, você evita o risco de ter rebeliões”, apontou.
“Não estamos pedindo salário. Estamos pedindo o direito de trabalhar. Não ser espancado pelos presos. Não podemos trabalhar, sem garantia de vida, de sua integridade física. Vamos fazer uma nota para o governo de Estado no início do ano. Se nada for feito, vamos ter que fazer um enfrentamento”, adiantou.
Em Caiuá, de acordo com Grandolfo, “o Estado abandonou o agente agredido”. “Dois agentes estão numa situação muito grave. Um deles perdeu todos os dentes, quebraram seu maxilar. Ele não tem mais possibilidade de trabalhar numa unidade e não recebeu apoio nenhum. Estamos em uma situação muito delicada”, alertou.
Conforme informações do site oficial da Secretaria de Administração Penitenciária do Estado de São Paulo (SAP), das três unidades mencionadas, somente a Penitenciária de segurança máxima “Silvio Yoshihiko Hinohara”, em Presidente Bernardes, não possui população acima da capacidade. São 1.082 detentos, para uma capacidade de 1.176.
Entretanto, a Penitenciária de Pacaembu tem capacidade para 792 presos, mas possui população de 1.328. Já o Centro de Detenção Provisória (CDP) “Tácio Aparecido Santana” de Caiuá, tem capacidade para 768 e conta, hoje, com 1.027. Todos os dados são de 27 de dezembro de 2011.
O Portal entrou em contato com a assessoria de imprensa da SAP, mas até o momento não houve retorno.
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