Um dos mais lúcidos estudiosos do tema em Alagoas, o advogado Paulo Breda, presidente do Conselho Estadual de Segurança Pública, chamou a atenção recentemente – em entrevista ao Doze e Dez Notícias – sobre a perigosa situação dos presídios alagoanos.
Ele foi surpreendente e enfático nas suas afirmativas: o governo do Estado precisa investir urgentemente nas penitenciárias.
Foi além: disse que, de há muito, o PCC e o Comando Vermelho atuam aqui no estado – com ações tramadas dentro dos prisões.
Que fique claro: não é que o PCC de São Paulo, ou que o CV do Rio de Janeiro dirijam as organizações criminosas que habitam as penitenciárias locais.
Não é isso. Mas elas foram criadas, sim, a partir de integrantes ou simpatizantes dessas organizações que por aqui passaram ou estão presos.
Paulo Breda enxergou o problema e apontou as possíveis soluções: o resgate da autoestima dos servidores que trabalham nos presídios, com seu envolvimento efetivo com o que acontece por lá; o trabalho permanente de inteligência para detectar as ações que são planejadas pelos criminosos que estão presos.
Sem pretender “federalizar” o tema, o advogado disse que o governo do Estado não pode prescindir da ajuda de Brasília – que não seja simplesmente a vinda de forças federais para o estado – como acontece no Rio de Janeiro.
O momento é de crise e exige soluções rápidas.
Mas é bom não esquecer: se há ações engendradas dentro do presídio, há gente do lado de fora para executá-las. E até possíveis patrocinadores.
Todo crime tem interessados. Aqui, há de se perguntar: quem serão?
Imprensa
Há uma questão, em particular, que me incomoda e desperta a minha preocupação: a atuação da imprensa em episódios violentos – como os que estamos verificando agora.
Não se espera de jornalistas, radialistas e demais comunicadores mergulhar na histeria geral.
Os fatos, todos, devem se tornar públicos, os personagens envolvidos – principalmente de quem devemos cobrar ações – precisam ser ouvidos, mas não podemos ser parte do problema.
O terrorismo – e o que vivemos, agora, é uma ação de terrorismo de manual – busca amplificar as suas ações, exatamente através da mídia.
Provocar o medo generalizado na população é um dos seus objetivos – sendo o principal, é claro, a desmoralização do aparelho de Estado.
Beira-Mar
Quando veio para Alagoas, por alguns dias, o traficante Fernandinho Beira-Mar, a mesma histeria se propagou através dos veículos de comunicação.
Eu mesmo recebi vários telefonemas – de fora de Alagoas, era possível identificar – anunciando sequestros de filhos de autoridades e outras ações criminosas.
Tratei de comunicar à polícia e às pessoas citadas pelos bandidos (sempre eram ligações feitas por mulheres).
Omiti o ocorrido do grande público, com a convicção de que eles – os criminosos – pretendiam me usar para propagar o terror. Não me arrependo de ter tomado essa posição: o tempo mostrou que eu estava certo. Não houve sequestros nem as demais ações anunciadas.
Agora, a situação é diferente, e o objetivo mais claro é: desmoralizar o Estado – as instituições, todas.
Que noticiemos os fatos, mas não sejamos os porta-vozes dos criminosos. Eis a minha preocupação.
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