Assassinatos no Brasil: A Violência continua, mas em diferentes lugares
Muitos sites de Alagoas estão dando destaque ao que o site da revista inglesa de economia The Economist, uma das mais importantes do mundo, publicou na edição de quinta-feira (09). A reportagem aponta Alagoas como a capital mais violenta e pobre do país.
O caminho de Maceió, capital do Estado de Alagoas, para seu aeroporto, passa por luxuosas concessionárias e lojas que vendem piscina sob medida. No meio disso, famílias indigentes vivem em barracos de lona. Até mesmo para a média do nordeste brasileiro, Alagoas possui uma taxa alarmante de pobreza e de extrema desigualdade. Com 107 assassinatos por 100 mil pessoas, Maceió também é a capital mais violenta do Brasil, assim como, com 60 assassinatos por 100 mil habitantes, Alagoas também é o Estado mais violento do país (veja a tabela). É um lugar de açúcar e gado, onde os cortadores de cana acertam as contas com punhos, facas e os que são poderosos saem impune usando assassinos contratados.
Sol brilhando o ano inteiro, lindas praias e recifes de corais fazem com que o turismo ofereça a Alagoas uma melhor chance de desenvolvimento. Mas o status de capital brasileira do crime põe tudo isso em risco. Funcionários estaduais tentam desesperadamente revelar que os alagoanos estão matando uns aos outros assim como os estrangeiros, em qualquer lugar, e não há nas favelas e não há traços de beleza [pontos turísticos]. Vitimas e assassinos são muitas vezes indistinguíveis: "Desempregados, analfabetos, jovens viciados em drogas (crack)", diz Jardel Aderico, Secretário Estadual da Paz (Sepaz), cujo título do cargo representa uma aspiração.
A taxa de homicídios no Brasil praticamente não variou na ultima década, ficando em torno de 26 assassinatos por 100mil habitantes. Mas a geografia do crimes mudou, observa Júlio Jacobo Waiselfisz do Instituto Sandari, um instituto de pesquisa sediado em são Paulo. Em 1998 São Paulo e Rio de Janeiro tinham taxas de violência acima da média; Alagoas não. UM policiamento melhor e o crescimento econômico fizeram com que a taxa de homicídios fosse reduzida em 2/3 em São Paulo e 2/5 no Rio ao longo da década. Os criminosos foram espremidos para fora de suas antigas fortalezas e seguiram o trajeto do dinheiro nos novos polos de desenvolvimento industrial e turístico. A exploração ilegal de madeira e grilagem de terras, juntamente com as novas rotas de trafico de armas e drogas, instauraram o crime na Amazônia. E Alagoas, com um governo endividado e uma força policial fraca, corrupta e, muitas vezes em greve, é às vezes quase um Estado sem lei.
Mas as coisas começam a melhorar em Alagoas. O Banco Mundial, que em 2009 emprestou ao Estado 195 milhões de dólares para estabilizar as finanças e melhorar a administração, afirma que as metas do empréstimo foram alcançadas. Alagoas está trabalhando em um plano para erradicar a pobreza extrema. O governador de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB/AL), recentemente reeleito para um segundo mandato, comprou novos carros e armas para a polícia, e acabou com a prática de indicação de chefes de polícia de acordo com suas ligações políticas. O secretário Aderico espera que o projeto "lições de paz" nas escolas venha criar uma geração de alagoanos menos violentos.
Mas em curto prazo, as melhores chances do Estado mover-se para baixo no ranking de assassinatos é com a subida de outro Estado. Os políticos locais [no Brasil] querem dividir o Pará, um grande Estado amazônico, em três. Se eles tiverem sucesso, o mapa da violência brasileira vai mudar mais uma vez. Marabá, que provavelmente se tornar a capital do Pará, sul, herdará o titulo de capital dos assassinatos e poupar Maceió desta vergonha.
Fonte: The Economist
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