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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Mutirão de casamentos no Sistema Prisional

O visual das tradicionais fardas de presidiários, em Maceió, ganhou o brilho dos vestidos de noiva. Um mutirão da Justiça alagoana realiza nesta terça-feira (21) 200 casamentos e reconhecimentos de união estável de detentos e suas companheiras.

Mutirão de casamentos em Maceió

Foto 2 de 9 - Maria José Oliveira da Silva diz que arrumou cabelo, unhas e se maquiou para o momento especial e, mesmo grávida, fez questão de se vestir de noiva para a celebração; mutirão do Tribunal de Justiça de Alagoas no sistema prisional oficializa cerca de 200 relações afetivas de presos e companheiros Beto Macário/UOL
A medida acontece após a decisão do Tribunal de Justiça de restringir o acesso das visitas intimas às acompanhantes e comprovação oficial do vínculo afetivo entre presos e parceiros. A ideia é coibir a prostituição e uso dos encontros para outros fins dentro das unidades prisionais.
Segundo o juiz João Paulo Martins, cerca de 200 uniões afetivas serão oficializadas até o fim do dia. “Muitas vezes, a visita íntima estava sendo utilizada para os presos tratarem de assuntos paralelos à relação afetiva, inclusive com articulação de planos de quadrilhas e prostituição”, disse, reforçando que, até o fim da manhã, foram oficializadas 131 uniões.
Vestida de noiva, a cabeleireira Maria José Oliveira da Silva, 28, esperava ansiosa o marido James da Silva, 31, ser trazido de uma das celas da Casa de Custódia para oficializar a união. Apesar da chuva que caiu nesta manhã em Maceió, ela não media esforços para não estragar penteado e maquiagem.
“Estou ansiosa, arrumei-me toda, escovei cabelo, ajeitei as unhas e comprei um vestido para este momento. Apesar de o nosso casamento ser realizado dentro do presídio, estou feliz. Mas preferia casar na igreja”, disse Maria José, que está grávida de sete meses de um menino, também gerado em visita íntima. O casal já tem três filhos, fruto de uma união de 11 anos.
A dona-de-casa Edijane França da Silva, 30, também saiu de casa cedo e não escondia a felicidade em oficializar com José Luciano França, 31, que está preso há três anos na Casa de Custódia. Eles têm relação há cinco anos e estão à espera da segunda filha.
“Temos uma filha de dois anos e agora estou grávida de novo de outra menina. A felicidade que estou em casar hoje não dá para descrever”, disse, ressaltando que a segunda filha do casal foi gerada em uma das visitas íntimas dentro da unidade prisional.
Para Luciano, a união está “eternizada” com a assinatura da declaração de união estável do casal. Para testemunhar a relação, Edijane trouxe a tia Márcia Maria da Silva, 47. “Foi o maior prazer ser convidada para testemunhar essa união deles. Apesar de ele estar preso, eles nunca se afastaram. É muito amor”, disse.
Ana Lara Ramos da Silva, 18, teve de esperar até a tarde para se casar com José Cláudio da Silva, 26, que está preso há um ano por tráfico de drogas no Cyridião Durval.
Ansiosa em oficializar a união de quatro anos, Ana Lara contou que chegou logo cedo da manhã ao presídio, mas não escondia a irritação com a demora.
“É um absurdo eu ficar a manhã toda esperando o casamento debaixo dessa chuva. Avisaram agora que a nossa cerimônia só vai acontecer na parte da tarde”, disse. “Mesmo assim, grávida, estou aqui e não vou sair enquanto não me casar com Cláudio.”

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