A Gazetaweb encerra,
nesta sexta-feira (05),
a série especial Problemas Urbanosmostrando que a
violência está batendo a
porta de escolas, postos
de saúde, Correios e
postos bancários. Mais
que apresentar dados
massificados, a reportagem
traz a visão de especialistas
sobre o assunto e
alternativas para minimizar
os problemas que tornaram
Alagoas o estado mais
violento do Brasil e Maceió
uma das capitais mais
perigosas para jovens.
PROJETO DE MONITORAMENTO É ABORTADO PELA
PREFEITURA
O advogado Pedro Montenegro é enfático quando diz que em Alagoas,
os gestores “improvisam” quando o assunto é segurança pública.
Segundo ele, falta planejamento, ciência, informações capazes de
fomentar um planejamento realmente eficaz de combate à violência
no Estado.
Seguindo esse raciocínio, ele tentou, sem sucesso, implantar em
Maceió um antigo sonho, o Observatório da Violência, durante os
quase dois anos em que comandou a Secretaria Municipal de Direitos
Humanos, Segurança Comunitária e Cidadania (Semdisc).
Orçado em aproximadamente R$ 300 mil reais – numa etapa inicial
– a prefeitura ofereceu a Montenegro meros R$ 40 mil. O ex-secretário
diz que o município não aceitar bancar nem a despesa irrisória com a
contratação de acadêmicos do curso de Ciências Sociais da Ufal. Sem
recursos, o projeto nunca saiu do papel.
CONTRATAÇÃO DE SEGURANÇA PRIVADA CRESCE 20%
No vácuo do número insuficiente de militares para o policiamento
ostensivo, vem crescendo a contratação de vigilância em empresas
especializadas. De acordo com um levantamento do Sindicato dos
Vigilantes de Alagoas (Sindvigilantes), hoje são 4.500 homens fazendo
vigilância em residências e estabelecimentos comerciais no Estado.
José Cícero da Silva, presidente do Sindicato, diz que o setor tem
crescido, diante da deficiência flagrante do efetivo de policiais em darem
conta do avanço da criminalidade. “Fizemos um levantamento
recentemente, e constatamos um aumento de 20% nesse último ano
no número de vigilantes contratados. A cidade está muito violenta e o
governo do Estado tem um efetivo reduzido. A sensação de insegurança
da população é muito grande. O policiamento no centro da cidade é
pouco, nos bairros nobres também. Isso tudo só faz crescer a procura
pela vigilância privada”, avalia o sindicalista.
ESTRATÉGIAS EM ANDAMENTO
Para conhecer as estratégias do governo para o combate à violência,
a Gazetaweb conversou com o coronel Carlos Alberto Mendonça,
diretor de Prevenção à Criminalidade, setor criado recentemente na
Secretaria de Estado da Defesa Social, na tentativa de conceber
iniciativas de forma mais planejada, como tem sido cobrado pelos
especialistas.
Um dos avanços, afirma o coronel, são as bases comunitárias. No
Conjunto Selma Bandeira, a redução das ocorrências policiais foi
drástica, em torno de 70%, garante o coronel. Até agora já contam
com o projeto os bairros do Osman Loureiro e Jacintinho, além do
Selma Bandeira. O Vergel do Lago será o próximo a contar com esse
tipo de policiamento.
O sucesso, diz o coronel, se deve não apenas às rondas constantes,
mas também à filosofia da aproximação dos policiais com a comunidade.
“Temos as rondas constantes, que devolve à população a sensação de
segurança, e isso tem reflexos muito importantes. Eventos, e qualquer
tipo de aglomeração também são monitorados pelas equipes. Mas
também tem sido salutar essa aproximação do policial e a comunidade.
De conhecer os problemas de perto. Os policiais fazem visitas
domiciliares onde ficam conhecendo as famílias, e nestas visitas, muitas
vezes, são detectados problemas, como violência doméstica, crianças
fora da escola, drogas, entre outros”, explica o coronel.
O TRABALHO DA POLÍCIA
O comandante do Policiamento da Capital (CPC), coronel Gilmar Batinga,
diz que ações como a ofensiva no conjunto Carminha, realizada
nessa semana, é uma forma eficaz de atuação da polícia. Para ele,
esse trabalho ostensivo precisa ser resguardado por um conjunto
de outras ações do poder público, na área social e numa legislação
mais eficaz.
“Nosso trabalho é combater os efeitos. É o policiamento ostensivo,
de forma planejada, para garantir o melhor possível a segurança da
população. Agora ações como a que fizemos no Carminha precisa
de um respaldo dos governantes, com projetos sociais, que possam
tirar o jovem das drogas, colocá-los na escola. O que mais vai
acontecer com um jovem pobre que acorda e não tem uma ocupação?
É inevitável partir para o lado errado”, afirma o coronel.
“Também é preciso o suporte de uma legislação mais efetiva. Hoje o
crime é alimentado pela certeza da impunidade. Fazemos o nosso
papel prendendo, apreendendo. Mas é preciso que isso tenha uma
continuidade”, conclui Batinga.
BALANÇO DE ASSALTOS
A sensação de insegurança começa quando entra em um coletivo.
O Ministério Público Estadual constatou que, nos últimos dois anos,
foram 777 assaltos a ônibus, e que nenhuma delas se transformou
em inquérito. Em maio, em um dos assaltos, o cobrador José
Noberto dos Santos, 58, acabou morto depois de ser atingido por
dois tiros.
Saindo do ônibus e entrando na escola o perigo não diminui. Os
estabelecimentos de ensino são outro alvo de assaltantes, além
do comércio de drogas, que vê nos jovens em crescimento um
potencial usuário de entorpecentes. Algumas escolas ultrapassaram
a marca de uma dezena de assaltos e arrombamentos. Em junho,
o diretor da Escola Mota Trigueiros, no Santo Eduardo, pediu
exoneração à Secretaria de Educação, depois que a escola foi
assaltada pela 10ª vez.
Somente este ano, até março, nove agências bancárias foram
assaltadas no Estado. O ação mais recente dos assaltantes foi
à agência do Banco do Brasil, da cidade de Pilar. Dois caixas
eletrônicos foram arrombados com maçaricos. No ultimo dia
27 de julho, um assalto à agência dos Correios e Jequiá da Praia
alcançou a marca de 20 assaltos nesse tipo de estabelecimento
somente em 2011. O cálculo da criminalidade é da própria instituição.
Nem a proteção divina segura a onda de criminalidade no Estado.
Em Maceió, igrejas têm sido alvo da cobiça dos assaltantes. Em
uma das ações, num templo evangélico no bairro da Jatiúca,
três homens armados levaram computadores e dinheiro.Na onda de assaltos que varre a cidade, os postos de saúde,
que possuem estrutura precária, ficam ainda mais desfalcados.
No bairro do Jacintinho, O posto de saúde Doutor José Araújo
Silva já foi alvo de assaltos cinco vezes. Na mas recente, em
março deste ano, foram levados aparelho de TV, computadores
e até um tubo de oxigênio.
nesta sexta-feira (05),
a série especial Problemas Urbanosmostrando que a
violência está batendo a
porta de escolas, postos
de saúde, Correios e
postos bancários. Mais
que apresentar dados
massificados, a reportagem
traz a visão de especialistas
sobre o assunto e
alternativas para minimizar
os problemas que tornaram
Alagoas o estado mais
violento do Brasil e Maceió
uma das capitais mais
perigosas para jovens.
PROJETO DE MONITORAMENTO É ABORTADO PELA
PREFEITURA
O advogado Pedro Montenegro é enfático quando diz que em Alagoas,
os gestores “improvisam” quando o assunto é segurança pública.
Segundo ele, falta planejamento, ciência, informações capazes de
fomentar um planejamento realmente eficaz de combate à violência
no Estado.
Seguindo esse raciocínio, ele tentou, sem sucesso, implantar em
Maceió um antigo sonho, o Observatório da Violência, durante os
quase dois anos em que comandou a Secretaria Municipal de Direitos
Humanos, Segurança Comunitária e Cidadania (Semdisc).
Orçado em aproximadamente R$ 300 mil reais – numa etapa inicial
– a prefeitura ofereceu a Montenegro meros R$ 40 mil. O ex-secretário
diz que o município não aceitar bancar nem a despesa irrisória com a
contratação de acadêmicos do curso de Ciências Sociais da Ufal. Sem
recursos, o projeto nunca saiu do papel.
CONTRATAÇÃO DE SEGURANÇA PRIVADA CRESCE 20%
No vácuo do número insuficiente de militares para o policiamento
ostensivo, vem crescendo a contratação de vigilância em empresas
especializadas. De acordo com um levantamento do Sindicato dos
Vigilantes de Alagoas (Sindvigilantes), hoje são 4.500 homens fazendo
vigilância em residências e estabelecimentos comerciais no Estado.
José Cícero da Silva, presidente do Sindicato, diz que o setor tem
crescido, diante da deficiência flagrante do efetivo de policiais em darem
conta do avanço da criminalidade. “Fizemos um levantamento
recentemente, e constatamos um aumento de 20% nesse último ano
no número de vigilantes contratados. A cidade está muito violenta e o
governo do Estado tem um efetivo reduzido. A sensação de insegurança
da população é muito grande. O policiamento no centro da cidade é
pouco, nos bairros nobres também. Isso tudo só faz crescer a procura
pela vigilância privada”, avalia o sindicalista.
ESTRATÉGIAS EM ANDAMENTO
Para conhecer as estratégias do governo para o combate à violência,
a Gazetaweb conversou com o coronel Carlos Alberto Mendonça,
diretor de Prevenção à Criminalidade, setor criado recentemente na
Secretaria de Estado da Defesa Social, na tentativa de conceber
iniciativas de forma mais planejada, como tem sido cobrado pelos
especialistas.
Um dos avanços, afirma o coronel, são as bases comunitárias. No
Conjunto Selma Bandeira, a redução das ocorrências policiais foi
drástica, em torno de 70%, garante o coronel. Até agora já contam
com o projeto os bairros do Osman Loureiro e Jacintinho, além do
Selma Bandeira. O Vergel do Lago será o próximo a contar com esse
tipo de policiamento.
O sucesso, diz o coronel, se deve não apenas às rondas constantes,
mas também à filosofia da aproximação dos policiais com a comunidade.
“Temos as rondas constantes, que devolve à população a sensação de
segurança, e isso tem reflexos muito importantes. Eventos, e qualquer
tipo de aglomeração também são monitorados pelas equipes. Mas
também tem sido salutar essa aproximação do policial e a comunidade.
De conhecer os problemas de perto. Os policiais fazem visitas
domiciliares onde ficam conhecendo as famílias, e nestas visitas, muitas
vezes, são detectados problemas, como violência doméstica, crianças
fora da escola, drogas, entre outros”, explica o coronel.
O TRABALHO DA POLÍCIA
O comandante do Policiamento da Capital (CPC), coronel Gilmar Batinga,
diz que ações como a ofensiva no conjunto Carminha, realizada
nessa semana, é uma forma eficaz de atuação da polícia. Para ele,
esse trabalho ostensivo precisa ser resguardado por um conjunto
de outras ações do poder público, na área social e numa legislação
mais eficaz.
“Nosso trabalho é combater os efeitos. É o policiamento ostensivo,
de forma planejada, para garantir o melhor possível a segurança da
população. Agora ações como a que fizemos no Carminha precisa
de um respaldo dos governantes, com projetos sociais, que possam
tirar o jovem das drogas, colocá-los na escola. O que mais vai
acontecer com um jovem pobre que acorda e não tem uma ocupação?
É inevitável partir para o lado errado”, afirma o coronel.
“Também é preciso o suporte de uma legislação mais efetiva. Hoje o
crime é alimentado pela certeza da impunidade. Fazemos o nosso
papel prendendo, apreendendo. Mas é preciso que isso tenha uma
continuidade”, conclui Batinga.
BALANÇO DE ASSALTOS
A sensação de insegurança começa quando entra em um coletivo.
O Ministério Público Estadual constatou que, nos últimos dois anos,
foram 777 assaltos a ônibus, e que nenhuma delas se transformou
em inquérito. Em maio, em um dos assaltos, o cobrador José
Noberto dos Santos, 58, acabou morto depois de ser atingido por
dois tiros.
Saindo do ônibus e entrando na escola o perigo não diminui. Os
estabelecimentos de ensino são outro alvo de assaltantes, além
do comércio de drogas, que vê nos jovens em crescimento um
potencial usuário de entorpecentes. Algumas escolas ultrapassaram
a marca de uma dezena de assaltos e arrombamentos. Em junho,
o diretor da Escola Mota Trigueiros, no Santo Eduardo, pediu
exoneração à Secretaria de Educação, depois que a escola foi
assaltada pela 10ª vez.
Somente este ano, até março, nove agências bancárias foram
assaltadas no Estado. O ação mais recente dos assaltantes foi
à agência do Banco do Brasil, da cidade de Pilar. Dois caixas
eletrônicos foram arrombados com maçaricos. No ultimo dia
27 de julho, um assalto à agência dos Correios e Jequiá da Praia
alcançou a marca de 20 assaltos nesse tipo de estabelecimento
somente em 2011. O cálculo da criminalidade é da própria instituição.
Nem a proteção divina segura a onda de criminalidade no Estado.
Em Maceió, igrejas têm sido alvo da cobiça dos assaltantes. Em
uma das ações, num templo evangélico no bairro da Jatiúca,
três homens armados levaram computadores e dinheiro.Na onda de assaltos que varre a cidade, os postos de saúde,
que possuem estrutura precária, ficam ainda mais desfalcados.
No bairro do Jacintinho, O posto de saúde Doutor José Araújo
Silva já foi alvo de assaltos cinco vezes. Na mas recente, em
março deste ano, foram levados aparelho de TV, computadores
e até um tubo de oxigênio.
'Combate à violência é feito no improviso', afirma Montenegro.
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