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sexta-feira, 13 de agosto de 2010

VIOLÊNCIA, ANOMIA E ELEIÇÕES


Amauri Meireles (*)

No início dos anos 70 ocorreu o boom da migração interna, superlotando as grandes cidades, e a explosão da violência ficou explícita no alarmante aumento dos índices de criminalidade. À época, a mídia cunhou a expressão “violência urbana” para caracterizar a preocupante progressão quantitativa e a inédita evolução qualitativa dos crimes. E as polícias foram taxadas de incompetentes, na missão de contê-los.

Mais tarde, na segunda metade da década de 80, prevalece a idéia de que a violência é menos um problema policial que um grave e complexo problema social, porque se consolidou o entendimento de que as polícias trabalham na causalidade, vértice para onde fluem causas e refluem efeitos. Assim, a violência seria um assunto da polícia, também! O fato gerador estaria na exclusão social, uma vulnerabilidade socioeconômica manifesta nas crises de moradia, saúde, desemprego, distribuição de renda, dando origem aos marginalizados.

Ao final do século, estudos evidenciaram que países com índice de desenvolvimento humano (IDH) menores que o nosso não têm índices de violência tão altos como os daqui. Uma das conclusões é que nem todo marginalizado é marginal e vice-versa, isto é, nem todo miserável é bandido e nem todo bandido é miserável. Surge, então, a recentíssima terceira percepção da violência: um fenômeno sociopolítico, ao se constatar que as instituições estão falhando na formação do cidadão pleno. Atualmente, nas várias camadas sociais, há um contingente devastador de meios-cidadãos, um ente incompleto, com extraordinária capacidade de entender e reivindicar seus direitos, mas, em contrapartida, com enorme apatia para cumprir, praticar deveres sociais. E o fundamento (a origem, a razão) social é mortalmente ferido quando os valores sociais deixam de ser respeitados e as regras sociais deixam de ser praticadas.

A anomia, no sentido de sem lei, sem ordem, sem respeito, sem obediência e, acrescente-se, sem vergonha, vem crescendo em vários segmentos sociais, provocando uma pilhagem social autofágica.

Eleições são uma rara oportunidade para o cidadão-integral exprimir insatisfações e pleitear melhorias. Atento, certamente elegerá candidatos que vêem a anomia como uma grave vulnerabilidade social e fortalecerão as instituições; votará nos qualificados a reduzir a exclusão social e a refrear a degradação ambiental; nos que, sem bravatas, valorizam o trabalho das polícias, respeitam os trabalhadores (ainda que aposentados), priorizam o trabalho de assistentes sociais e de educadores, resgatando-lhes a respeitabilidade profissional, que começa com a restauração da dignidade salarial; nos que saberão compatibilizar progresso e proteção da sociedade.

O voto é, também, uma forma de nos defender.



Vote em legítima defesa!...

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