Sejam Bem Vindos!!

Também no Orkut:

widgeo.net

quarta-feira, 16 de março de 2011

Nós falamos alguma novidade?


EM ALAGOAS...

Major Monteiro

Tudo que estamos falando aqui por acaso seria alguma novidade? A novidade seria se tudo fosse colocado em pratos limpos. O que eu acho muito difícil, por várias "razões"... Vou completar mais um ano nessa Briosa instituição, e se por ventura resolver contar o tempo que eu tive como militar do Exército, assim como o tempo das férias e das licenças que ainda não averbei, vou praticamente para a reserva, ou seja, estou dizendo que tenho quase os 30 anos de PM e até hoje eu não vi nenhuma tentativa interna de moralizar as inúmeras denúncias que são de conhecimento de todos.

Quando eu estava em um dos BPMs de área da Capital, passei uma fase terrível. Explico: eu era o comandante da P2 e o Comando da Unidade tinha acabado de mudar. Havia chegado um Major que queria "revolucionar" o serviço da Unidade. Começou com uma historia de blitz para apreender carros de "estouro", e a determinação que eu recebi foi que eu parasse todas as investigações em andamento e focalizasse apenas em nas questões determinadas, principalmente se envolvesse militares, ainda mais no âmbito da Unidade. Traduzindo: o popular "entregar os colegas". E não apenas isso, durante os serviços como supervisor a determinação foi de que deveríamos fazer blitz para pegar esses carros, que o dono do carro ao ser abordado deveria apresentar o carnê pago do financiamento! Fui contestar a ordem, pois era ilegal, além do que ninguém teria a obrigação de andar com o boleto pago dentro do veículo... A resposta que eu ouvi da referida autoridade foi: "Todos os outros oficiais fazem. Só você não quer fazer porque se acha melhor!". Não demorou muito e eu me vi perseguido e movimentado de Unidade, tudo porque eu não queria me sujar por causa de 10 ou 20% de comissão dado pela financeira como "recompensa" pelos carros recuperados. É, recruta, quando o Comando da Unidade foca nesse tipo de serviço é porque ele tá levando algum da financeira ou do atravessador.

Um dia eu disse para um parente meu que é praça: se eu fosse elencar todas as "bombas" que eu já presenciei nesta PM, somente nos últimos 10 anos, dava para fazer um filme muito pior (no sentido de mostrar a realidade nua e crua) do que o Tropa de Elite. Ou será que a tropa já se esqueceu dos seguintes casos:

- do coronel dos tênis Mizuno;
- do coronel taradão;
- do coronel que quebrou a Caixa beneficente;
- do coronel que teria 20 mil reais de diária para receber;
- do coronel (junto com um ex-major) que ganhou dinheiro na inauguração do Extra;
- do caso dos oficiais que "importaram" diamantes negros (não me confundam com o outro);
- e etc. e etc...

Todos estes fatos foram devidamente noticiados nos meio de comunicação e incrivelmente no fim não levaram às mudanças das antigas práticas em nossa corporação. O pior é que tem gente que acha normal essas práticas. E quando alguém não faz, até a tropa estranha.

Comandei uma Unidade da capital durante as férias do seu comandante, e fiquei surpreso com o arrego vindo de dois bancos e de uma loteria, que no fim não ficou na Unidade, pois a nossa autoridade fez questão de vir receber o valor integral das minhas mãos e ainda conferiu. O mais revoltante nesse episódio é que quando essa referida autoridade foi transferida, deixou para trás uma dívida para o BPM de mais de 2.000 reais em peças de carro que jamais foram destinadas às viaturas. Em meio às nossas dificuldades, fico imaginando como é que "não fechamos as portas?" Digo isso porque o material de limpeza, o que era destinado para Unidade, não passava nem 10 dias. Alimentação, então, se não "regrasse" não chegava aos 20 dias, conta de água e luz, nunca tinham sido pagas, e por aí vai...

Deus ouviu as nossas preces, e o comando mudou! Com o novo comandante as coisas mudaram, e ele não apenas pagou a "herança maldita", bem como até consegui reformar alguns PM BOX, dar uma pintura na OPM, consertar viatura, banheiros, mudar ar-condicionado e resolver outros pormenores. O que fez a tropa questionar "de onde estava vindo dinheiro pra fazer tudo isso", pois nos antigos comandos não se comprava nada, não se fazia nada. Eu só fazia dizer que era com a verba que "entrava" na Unidade e que se esse pouco dinheiro fosse colocado no bolso não ia fazer diferença nenhuma para o comando, pois era muito pouco e, mesmo que não fosse pouco, não valia a pena se sujar por isso. Contudo, empregado devidamente, como estava sendo feito, o resultado era aquele. Assim: diante de um bom comando as faltas de serviço reduziram, os índices de homicídios no âmbito da OPM caíram, ocasião em que a nossa Unidade chegou a ser uma das que mais viaturas tinha em atividade, embora não tivesse a maior frota.

Dizem que em time que está ganhando não se meche, mas a PM(AL) não é um time. Um a um os bons oficiais da Unidade foram transferidos e eu fui no meio. Dessa forma, aquela ótima administração foi se desmantelando como uma torre de babel. Porém, antes de ser transferido eu fiquei sabendo o porquê das movimentações: "alguém" achou que o nosso batalhão era uma mina, e resolveu colocar os seus... Bem, para ser sincero, a mudança ocorreu porque o nosso comandante (um homem íntegro) não compactuou em repassar para o "baixo clero" parte do que era arrecadado pela Unidade, dinheiro este que eu nunca vi nos poucos mais de (...) meses do novo comando, e que não sei nem ao certo de quanto se tratava.

É claro que depois dessa experiência eu passei por outras "aventuras", e por este motivo não irei me abalar com a divulgação de quaisquer denuncias inerentes à nossa corporação. O que iria me surpreender é se realmente alguém fosse punido. E a minha parte, de uma forma ou de outra, eu venho tentando fazer, pois se não posso mudar toda a PM, pelo menos da Seção em que eu trabalho e nas coisas que eu posso ter influência, procuro manter a postura ética e honesta na condução do que é publico, e sobretudo sendo o que me propus a ser quando passei a integrar esta instituição, ou seja, SER POLICIAL.

Sempre digo que na PM precisamos respirar injustiças, mas na hora de expirar, devemos expirar justiça, se é que me entendem. E o que ainda me deixa um pouco motivado é saber que boa parte da tropa por onde eu passei, principalmente os bons policiais, sempre perguntam se algum dia eu poderei comandar aquela Unidade.

Meus caros, embora exista de quando em quando a gestão dos maus, da mesma forma também existe a gestão dos bons. E quando isso acontece, os comandantes verdadeiramente compromissados com a corporação, isto é, os honestos, sempre valorizam o bom trabalho e fazem convites, motivo pelo qual sempre digo: "se por hora não dá para voltar, mas quem sabe um dia não voltaremos a trabalhar juntos de novo, pois a PM é grande".

Muita esperança foi depositada no atual Comandante Geral. Eu tenho minhas ressalvas e sou sincero em dizer que não tenho esperanças de que o mesmo venha a lutar por melhorias na PMAL, tipo salário, efetivo, escala de serviço realmente justa, viaturas, equipamentos, bem como não tenho esperanças que o mesmo combata as mazelas que tudo mundo sabe quem são. Espero estar enganado, mas a história de vida ajuda a definir a pessoa, e por isso penso que o melhor seria termos um coronel do Exército para comandar (por várias razões) a Nossa Instituição. Sei que essa é uma postura do passado, entretanto, de que forma poderíamos – por exemplo – coibir possíveis "desvios de conduta" que são acobertados por causa de amizades interna corporis? Em relação aos "desvios de conduta" existentes na corporação, assim como a estas "amizades", hoje o que mais vemos são as seguintes situações: "o cara roubou, mas é oficial superior igual a mim, não posso puni-lo, pois assim posso estar abrindo caminho para que no futuro isso também aconteça comigo".

E desse modo, vou fazendo o meu trabalho de formiguinha; e desse modo, vamos levando a vida...

Fonte: Briosa em Foco

NOSSA, FIQUEI PASMO COM O QUE LI... SERÁ MESMO???

Nenhum comentário:

Postar um comentário